Uma viagem a Lisboa – Portugal

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Muitas pessoas me perguntam como foi realizar essa viagem. O roteiro dos lugares, hotéis, carro, vôos… Olha, posso dizer que foi um bom trabalho, bom porque amo fazer isso e passaria a vida estudando roteiro de viagem, lugares novos, a cultura, o que conhecer em cada cidade, o que comer, enfim, uma infinidade de coisas que me deixam suspirando só de fazer, imagina quando estou realizando tudo que coloquei no papel! Sim, é um sonho pra mim. Passo meses fazendo isso. Nessa viagem foram 3 meses de estudo.

Remarcamos as passagens em Setembro do ano passado, digo remarcamos porque essa viagem era para ter sido feita em Maio do ano passado e por uma série de coisas optamos por não fazê-la, o que foi bom, porque  iríamos somente para Londres ficar um mês todo. Mudamos um pouco a rota e Edgar quis chegar por Milão, e no caso seria só Milão e Londres. Começaram a vir milhões de idéias, lugares, e primeiramente veio Itália, Istambul, Croácia, Irlanda, Escócia e terminando no Reino Unido. As passagens para Istambul saindo da Itália estavam caríssimas e para a Croácia também. Poucos vôos, baixa temporada, enfim. Estudei todos os lugares bem a fundo até que veio Portugal. Juro, nunca tive vontade de conhecer Portugal. Até existia um tipo de preconceito. Achava redundante, não seria uma imersão em uma cultura diferente, uma língua diferente, o que sempre gostei de fazer. Pesquisei, conversei com amigos que já haviam ido e no final achei que era o momento de mudar minha maneira de pensar e realmente conhecer e entender um pouco mais sobre o nosso Brasil.

Falar português na Europa é engraçado. Me peguei várias vezes depois que chegamos a Lisboa falando “grazie” (obrigado em italiano, por termos passado uma semana na Itália antes de Portugal) e quando me dava conta vinha algo em inglês, até que Edgar dando muita risada dizia: Fala logo português, Julia! rsrs…
Chegamos em Lisboa quase duas horas depois do previsto. O hotel que ficaríamos nos indicou pegar um Aero Bus que saía do aeroporto e passava por alguns pontos turísticos da cidade, sendo um deles a Praça dos Restauradores, em frente ao nosso hotel. Comparados aos 100 euros que gastamos na chegada em Milão, do aeroporto ao Hotel, dessa vez foram 8 euros ida e volta, nós 3. Impressionantemente mais barato!
O clima era calor, diferente do que estava na Toscana, e já entramos no clima português. Olivia começou a curtir a idéia de aeroporto, avião, ônibus e tudo mais… queria saber se ainda estávamos na Itália, se já era a Islândia, enfim, e lá íamos nós para mais uma aventura.
Olhando pela janela do ônibus, no caminho para o hotel do aeroporto, já começamos as comparações da cidade com o Brasil…
Alguns pontos que observamos em Lisboa:
Impressiona ver as calçadas da cidade toda, até na parte mais afastada, as pedras portuguesas. Olivia adorou o barulho das rodinhas do seu carrinho nas pedras, principalmente quando dormia. Outros pontos foram: Achamos o transporte público é um pouco complicado e bem caro. Sem metrô em toda a cidade, os bondinho abarrotados de pessoas, tanto que não conseguimos nem pegar a linha 28 que queríamos tanto, e pegamos só um Tram também beeem cheio para irmos a Belém no domingo, que ainda parou no meio do caminho e não nos levou até lá.
A parte turística de Lisboa é absurdamente cheia de turistas, principalmente brasileiros e também bastante franceses. Parece Miami, sério mesmo, com brasileiros por toda parte. Sempre que vemos aqueles grupos enormes de turistas passando chamamos de turismo predatório…rs  E em Lisboa os “predatórios” estão por toda parte, até mesmo bem a noite, nos restaurantes, bares, coisa que na Itália não acontecia. A noite as cidades eram vazias e adorávamos caminhar tranquilamente.
Achamos os portugueses muito educados, gentis, sempre dispostos a ajudar, mas não são muito carismáticos. Comparados aos brasileiros eles são bem mais frios e sérios. Achamos o valor para entrada em palácios, algumas Igrejas, pontos turísticos muito caros, pelo menos comparados aos preços da Itália e também pensando que a maior parte de museus e alguns pontos turísticos como em Dublin, Londres e Islândia principalmente não são pagos.
O preço dos restaurantes também achamos bem mais caros do que na Itália. Quando fiz o roteiro de cada lugar li que era exatamente o contrário, mas enfim, a comida era bem boa e no fim isso que importou.
Voltando a nossa chegada a Lisboa….
Fomos super bem recebidos no nosso hotel e nos deram um quarto Studio, bem maior do que tínhamos reservado e pelo mesmo valor. Um apartamento com quarto, sala, cozinha e banheiro e todas as janelas com vista para o Castelo de São Jorge.
Fomos jantar no Solar dos Presuntos, um dos restaurantes mais famosos de Lisboa e onde todos os brasileiros famosos vão quando estão em Lisboa. Com tantas recomendações só poderia ser maravilhoso. Comparamos a nossa experiência gastronômica ao Terraço Itália em SP, onde passamos todos aniversários de casamento e sempre foi indescritível.
Um queijo derretido do Alentejo chamado Azeitão para comer com pães quentinho de entrada e outros queijos também deliciosos! Pedi um prato de arroz malandrinho muito bom, massa que vinha com muito coentro e eu e coentro somos um caso sério… Não curto coentro e não entendo quem gosta, como quem gosta também não entende quem não gosta…rs Também vieram camarões fritos deliciosos, mas o principal foi o prato do Edgar, esse sim estava sensacional! Um bacalhau assado que parecia um lombo, super bem temperado, delicioso. O chopp, que por eles é chamado de Imperial, achamos muito bom também, o Sagres.
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Saímos de lá e fomos andar um pouco pelo bairro Chiado. Encontramos um lugar de Ginginha e tomamos uma Ginginha do Carmo deliciosa.
Pegamos uma filinha chata para subir o elevador de Santa Justa, que aliás foi bem carinho o ticket somente para ficar dentro dele por 30 segundos, porque para chegar ao Miradouro de Santa Justa se pode subir pela praça do Carmo sem pagar nada. Infelizmente não sabíamos disso. De lá vimos o lindo por do sol com uma vista linda da cidade, do Castelo, do rio Tejo. Uma poesia! Lisboa muito bonita!
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Queria muito ter visto o Convento do Carmo, mas como fechava cedo não consegui. A Praça do Carmo no anoitecer estava o maior clima gostoso, com alguns restaurantes e mesinhas, uma iluminação…
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Fomos na sorveteria Santini, muito antiga e  tradicional, mas esperava mais. Também, eu e Olivia estávamos há mais de uma semana tomando sorvete italiano todos os dias, aí não tem como comparar.
Segundo dia: Ah… o café da manhã do nosso hotel… era maravilhoso, assim como foi em Milão. Compensando o café da manhã “pobrinho” que tivemos por 4 dias em Firenze. Saímos com a intenção de pegar o bondinho 28 no início da linha, na estação Martim Moniz. Andamos a pé até lá, subindo e descendo ladeiras em um pedaço não muito bonito de Lisboa. Quando chegamos havia uma fila enorme. Tentamos pegar a linha 12 em outro ponto até o Castelo de São Jorge e também muito cheio, até que resolvemos subir a pé. Edgar, meu atleta favorito, pilotando profissionalmente o carrinho da Oli pelas ladeiras de Lisboa.
Chegamos no Miradouro de Santa Lucia, uma vista linda da cidade. Subimos mais um pouco e lá estava a fila do Castelo. Por sorte o carrinho da Olivia nos salvou e nos colocaram na fila de prioritários.
O castelo é todo aberto com o visual de todos os ângulos da cidade. Um espetáculo!
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Saímos de lá e fomos conhecer a Feira da Ladra, e poxa vida, foi pura decepção. Imaginava algo como a Benedito Calisto e foi o contrário. A percepção que tive que a feira e seus ambulantes inundavam o bairro de Alfama atrapalhando todo seu visual, que queria tanto conhecer.
Andamos bastante por lá, e depois fomos até o Restaurante Ferrovia que havia anotado para almoçar, mas estava fechado. Pegamos um taxi e fomos direto para a Bar e Restaurante Chapitô. Famoso na cena alternativa da cidade.
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Achei que seria incrível o lugar, as pessoas e tudo mais e no final não achamos nada demais. Só serviam petiscos e lanches, a moça que nos recebeu foi bem mau humorada, mas no final não cobrou 4 canecas de 1litro de Sagres que tomamos e também nos deu uma taça cheia de Ginginha. Saímos de lá quase rolando até a Igreja da Sé…rs Brincadeira… Paramos na frente da Sé para fazer a foto Postal da cidade, com o bondinho na frente.
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E descemos até o cais de Sodré….
Ah o calçadão a beira do Tejo… uma vibe tão boa… com pessoas sentadas tomando sol, cerveja, caminhando, tão gostosa a tarde… Entramos no mesmo clima….
Chegamos na Praça do Comércio e subimos a Augusta, com muitas lojas e músicos tocando nas calçadas.
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Fomos em uma loja que havia anotada chamada A outra Face e uma brasileira muito simpática de Recife me atendeu e me passou a letra da cena alternativa de Lisboa. Os bairros com as coisas mais legais, bares, lojas, mas era muito distante pra gente e com pouco tempo em Lisboa não daria tempo de conhecer. Uma pena 😦  Mas fiquei com vontade de voltar só para fazer o roteiro que ela me indicou.
Fomos no café A Brasileira, onde Fernando Pessoa gostava de escrever. Edgar comeu uma coxinha e um pastel de Belém, e juro, ambos vieram friosss. Como assim, né?! Aqui no Brasil qualquer boteco vende morno ou esquenta na hora. Fiquei decepcionada. Pelo menos o capuccino era gostoso. Acho que nível caiu depois da morte de Pessoa…rs
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Fomos no Bar do hotel Bairro Alto e estava bem cheio e no fim acabamos indo jantar na Cervejaria Trindade de Monges cervejeiros. Experiência gastronômica média, mas no geral foi bom. O coentro em Lisboa está em todos os pratos e isso me deixou um pouco pensativa….rs
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Descemos caminhando para o hotel e a cidade de Lisboa a noite, como em quase todas as cidades por onde passamos, é muito mais bonita. Um charme os lustres das ruas acesos, as ruas menores, pura poesia… E ainda passamos na Ginginha do Carmo novamente para terminar a noite em grande estilo!
Terceiro dia: Ir para Belém.
Pegamos o Tram lotado para ir a Belém. Super caro o ticket e ainda nos deixaram na metade do caminho, porque havia uma manifestação contra o câncer de mama e um desfile da família real, em Belém. Pegamos um táxi até próximo a torre de Belém, com muito trânsito, depois fomos andando atravessando uma ponte com milhares, milhares mesmo, de senhoras que estavam na manifestação.
Enfim, a Torre! Achei bem bonita, mas não entramos nela, infelizmente, a fila estava muito grande, como dá para ver na foto.
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Andamos pelo calçadão a beira do Tejo até o Monumento Padrão dos Descobrimentos.
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Fomos até o Mosteiros dos Jerônimos e ficamos um tempo apreciando o jardim lindíssimo que tem em frente. Olivia se molhou na água do jardim, fez a festa.
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Os mosteiro é maravilhoso por dentro. Cada detalhe, tudo muito bonito. Vi o túmulo de Camões e fiquei bastante emocionada. Vi o local onde foram colocados os restos mortais de Fernando Pessoa quando sua morte completou 50 anos.
Fomos comer um pastel de belém no lugar típico, onde todas as pessoas comem quando vão a Belém, e havia novamente uma fila enorme. Como havia lido em blogs que para comer sentadinho em uma mesa, é só entrar e sentar, não precisa pegar a fila. Procurei uma mesa pelos milhares de salões que existem lá e nada. Acabei pedindo os pastéis no balcão mesmo, “furando” a fila…rs Jeitinho brasileiro em Portugal é aceito, vai?!
O duro é você ser casada com o homem mais politicamente correto, primeiro mundo, solidário, civilizado, gentleman, e não ser aceita quando você faz esse tipo de coisa…rs  Mas, comemos rapidamente nossos pastéis deliciosos, quentíssimos e indescritíveis!
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Fomos almoçar ainda em Belém, e novamente não tivemos uma experiência muito boa. Como no Chapitô, as pessoas do restaurante eram bem mau humoradas… Uma pena, porque poderia ter sido bom.
Pegamos um ônibus para irmos até o Parque das Nações, que era completamente o oposto de onde estávamos e lá fomos nós andar por quase uma hora no busão…rs Descansar as pernas e ver a paisagem.
Chegando lá vimos uma Lisboa completamente moderna, com prédios espelhados, Shopping Center. Esse bairro foi construído  para um Expo que aconteceu anos atrás e a cidade preparou o espaço com ginásios, área de lazer e tudo mais. Pensei tanto no atraso do nosso país e o quanto deixamos a desejar nesse sentido.
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 Lá vimos ponte que serviu de inspiração para a fazerem a ponte mais famosa de SP, na marginal, que virou até nosso cartão postal, considerada uma das maiores do mundo, como a de Rio-Niterói.
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Andamos no teleférico que liga o Parque das Nações ao Oceanário e Olivia amou! Fomos e voltamos pelo teleférico.
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Pegamos o metrô pela primeira vez em Lisboa e apesar de muito caro, como todos os meios de transporte da cidade, é muito bonito. Para comprar o bilhete, mesmo você usando uma única vez, é preciso comprar um cartão, que não é barato e depois carregar esse cartão com quantidade de passagens que deseja.
Fomos direto para o Bairro Alto jantar e ouvir um Fado Português.
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Tomamos um vinho delicioso e comemos um comida bem mediana, uma pena. Sardinhas portuguesas, aquelas que queria tanto comer. Vieram com um tempero não muito saboroso e os bolinhos de bacalhau também vieram frios… Enfim, valeu pelo vinho, pelo fado. Saímos do restaurante e fomos andar pelo Bairro Alto, que estava bem vazio naquele domingo. Foi gostoso caminhar no silêncio da cidade, com pouquíssimo lugares abertos, a noite bem escura e as luzes dos postes tomando conta das ruas. Tomamos uma ginginha no caminho e continuamos nossa caminhada. Fomos até o Pavilhão Chinês. Uma espécie de bar antiquário, parecido um pouco com o Bar Caos em SP da Rua Augusta. Um lugar enorme! Muitas e muitas salas com sofás, mesas, um palácio! Não podia entrar com criança à noite, mas Olivia já estava dormindo no carrinho e nos deixaram para um chopp e no fim tomamos alguns e foi muito bom.
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Conversamos tanto, sobre tanta coisa que já aconteceu na minha vida, coisas que estavam guardadas e que jamais havia falado. Abriu-se um mundo dentro de mim que precisava ser redescoberto. Com tudo, me vi como uma nova pessoa, com a minha nova família que escolhi viver e dividir todos os momentos da minha vida, juntos e unidos, nós 3. Uma sensação de alívio e felicidade. Como é bom ter essa segurança de novo, e tudo isso veio pra mim muito forte naquele momento. Me libertei de muitos medos ao compreender porque eles existiam. E tudo passou… A mais pura gratidão!
Fomos andando até o Miradouro de São Pedro de Alcântara, bem pertinho de onde estávamos e de lá uma visão da cidade lindíssima, ainda mais a noite. O Castelo de São Jorge imperava no topo. Muitos casais românticos sentados apreciando a vista também. Um jardim muito bonito e muito cuidado.
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Os Miradouros de Lisboa talvez seja a melhor parte da cidade. A vista de cada um é particular e imperdível. No meu roteiro coloquei tantos para visitar e apesar de termos ido em muitos, faltaram mais da metade. Pouco tempo, muita coisa para conhecer nesse mundo português repleto de poesia…
Nos despedimos de Lisboa nessa noite e no dia seguinte seguimos para Sintra, Cascais e outras lugares alternativos que escolhi conhecer em Portugal. Um roteiro que demorou quase 20 dias para ficar pronto e ficou impecável. Contarei aqui também… Até breve!